Topar(-se) [com] ocorre basicamente com três sentidos:

(1 ) ‘encontrar por acaso’, ‘deparar’, ‘tropeçar’:

[1] Hoje, a ler o jornal, topei com esta notícia.

[2] O seu casamento topou com a hostilidade familiar.

[3] Topou [com] umas raízes e caiu.

Assim, topar acrescenta a encontrar a ideia de acontecimento inesperado e involuntário, com frequência, dificultoso. Compare-se:

[4] Encontrei o livro (procurava-o e achei-o).

[5] Topei com o livro (achei por acaso, foi uma surpresa).

(2) ‘aceitar’, ‘concordar’:

[6] Eu disse-lhe para vir  comigo e ela topou logo.

[7] O Norberto me ofereceu sociedade nesse negócio e eu topei. (MARÇAL AQUINO, O Invasor).

(3) ‘entender’, ‘perceber’:

[8] Topei logo que o porteiro ia recusar-nos a entrada.

Na Galiza, atopar(-se) tende a usar-se em contextos inusitados em português com um contemporâneo:

[9] Não dou atopado as chaves.

[10] O castelo atopa-se no cimo do penedo.

Esta tendência por [a]topar tornou-se querença exclusivista em certo galego mais ou menos elaborado, em detrimento de ficar, ser ou achar(-se), encontrar(-se) ou ainda sentir-se.

A frase [11] dá um exemplo de tal uso abusivo:

[11] *Atopa-se numa situação difícil. (Por [11a] Encontra-se / Acha-se / Está numa situação difícil.)

A frase [12] exemplifica um uso de atopar-se decalcado do castelhano e mal-ajeitado em galego:

[12] *Atopa-se triste /só / em forma / melhor. (Por [12a] Sente-se/Está triste /só / em forma / melhor.)

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