JOSÉ RAMOM PICHEL

E isto não é uma palavra de ordem e vamos demonstrar que isto é verdade.

Uma língua, sobretudo as europeias, têm de dotar-se de muitas ferramentas ou produtos de tecnologia linguística para que os seus falantes podam não só aceder a diferentes conteúdos das línguas como também ser capazes de exportar conteúdos próprios ao resto do mundo.

Produtos como a tradução automática, tanto a baseada em dicionários como a baseada em corpus de texto, ou recuperadores de informação são precisos para que uma língua poda ter futuro.

Línguas minoritárias e também as menorizadas têm muitos problemas para conseguir dicionários com que incrementar as suas ferramentas, por exemplo de tradução automática, e também muitas dificuldades para conseguir corpus (conjunto de documentos eletrónicos) tanto paralelos, quer dizer, documentos traduzidos entre dous idiomas, como comparáveis, quer dizer, documentos que falem em dous idiomas de temas parecidos mas que um não seja tradução do outro. O euskera, por exemplo, não tem excessiva produção de inglês-euskera, portanto é muito custoso em dinheiro poder desenvolver um corpus para este par de línguas.

Mas os investigadores do euskera sabem que, sem ele, é impossível em princípio ter um bom tradutor automático entre esse par de línguas. Para isto estão a tentar procurar outras linhas de investigação menos custosas mas mais efetivas.

Como é o caso galego para conseguir um tradutor automático entre o galego, o inglês, o alemão, o chinês, o francês? Pois se aplicamos a crença das elites galegas que o galego é um idioma independente do português, a cousa é complexa e muito custosa mesmo só para o inglês, por não dizer para outras línguas. As empresas multinacionais da tradução automática não apostarão por estes pares por ser um mercado muito reduzido. Os cálculos monetários são simples: No money, no way!

Mas que fijo Google, aplicando o senso comum, para conseguir um tradutor automático entre o galego e inglês, francês, alemão, etc…? Tomar corpus de português, transformar no que foi possível a ortografia internacional para ortografia convergente com o castelhano (galego) e construir automaticamente um tradutor estatístico de galego para outras línguas. Isto foi o que acontecia nas primeiras versões de Google Translate. Quando se punha a tradução entre galego e inglês: “Eu falo galego”. A resposta era “I speak portuguese”.

Google demonstra graças à tecnologia que galego e português são variedades da mesma língua e marca qual a sorte e a estratégia que tem de ser utilizada para o futuro da língua ao Norte do Minho.

 

Publicação original:
Texto publicado no Galicia Hoxe, levemente atualizado

Remédios para o galego. Coordenação: Diego Bernal e Valentim Fagim. Associaçom Galega da Língua.
www.atraves-editora.com

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